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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

ARTIGO SOBRE CINEMA E HISTÓRIA

UNIVERSIDADE DE UBERABA - UNIUBE
DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA
Laércio Tadeu Ferreira Silva
Turma 11

CINEMA E HISTÓRIA: O filme como documento histórico.

Neste artigo, buscamos compreender a importância do cinema como recurso didático para o planejamento de aulas de História. Como resultado da observação nos arquivos da sétima arte, fica evidente a necessidade do desenvolvimento de pesquisas neste campo, que abordem o filme como documento histórico, a ser utilizado no ensino de História. Claro, buscaremos evitar quando possível os anacronismos e temos consciência que por mais genial que possa ser construído um filme sobre uma determinada temática histórica e por mais que este filme, venha à tecer valiosíssimas contribuições para as mais diversas pesquisas, trata-se de uma escala da realidade, não sua totalidade,  o que não é possível, mas o olhar de um historiador sobre vários contextos e suas essências.

                  Desde os irmãos Lumieré, pioneiros da sétima arte, há uma profunda transformação do olhar sobre a natureza, o tempo e o espaço. A realidade percebida pela História, romanceada pela Literatura, investigada por tantos outros campos dos saberes, é capturada, editada, formatada, subjetivizada e produzida pelo cinema. O desenvolvimento atual da tecnologia vem impactando significativamente no aprendizado e entre tantos recursos disponíveis para a construção do conhecimento, o cinema apresenta-se como a interseção de um público que se comunica com o audiovisual e um conhecimento produzido historicamente.
Por muito tempo, o cinema não foi aceito pela historiografia como documento histórico.  O cinema era reduzido ao estado de trivializar o passado, sob o enfoque de uma visão positivista e metódica. Segundo Silva, Priscila (1) a importância do advento do cinema cria raízes, define esteriótipos e fronteiras, embrica-se mesmo em nações e povos, como se dá na sociedade norte-americana, por exemplo.
“... consideramos o real sempre mais rico de possibilidades e por isso ao lançarmos nosso olhar para o cinema e para sua influência na sociedade norte- americana, não o enxergaremos como reflexo fechado e cristalino desta. Assim, o cinema está para a sociedade americana tal qual a religião estava para a sociedade europeia do século anterior, ele representa um modelador do inconsciente coletivo através de seus heróis, de suas sagas, de seu glamour, ele criou uma simbologia e uma forma de se relacionar com o público que conduz o receptor a internalização desse significado.”
SILVA, PATRÍCIA / CINEMA E HISTÓRIA: O imaginário norte americano através de Hollywood.
Segundo SILVA, isso se transformaria à partir dos anos 1970, com a proposta de novos métodos da História e a reformulação de muitos conceitos, propostos pela Historiografia dos Annales.
                A utilização do cinema em sala de aula como documento histórico é uma escolha importante do professor. O filme faz conexão com uma realidade ampliada, podendo ser analisado sob diferentes prismas, como o contexto que ambienta ou o contexto em que foi produzido. Podemos buscar nele elementos que se relacionam com múltiplas realidades, ideologias sedutoras e poderosas que são reproduzidas por nós,  homens, agentes históricos que somos, representando também, nossas paixões e nossos diferentes olhares sobre vários temas.
            Agora, é necessário cuidado com a escolha do filme para o planejamento ideal de uma aula. Vários detalhes, podem levar o professor à cair na armadilha do anacronismo. Pensando nisso, propomos a elaboração de uma pesquisa, que elabore um fichamento temático, que auxilie a escolha do educador. Trata-se de levantamento analítico sobre diversos filmes correlacionando-os com diversos contextos temáticos da História. Sem a necessidade de estabelecer uma ordem cronológica, essa pesquisa tentará apresentar ao professor de História, um manual sobre a história da sétima arte.
Cada filme ou documentário escolhido pelo professor pode ampliar o universo da pesquisa e da construção do conhecimento de seus educandos. Existem vários filmes e documentários que podem auxiliá-lo, porém muitas vezes, são apresentados sem uma contextualização histórica, ou seja, ficam soltos no vento. Contextos variados dentro de temáticas apresentadas, por exemplo, como no caso do período da Antiguidade, podemos trabalhar com várias culturas, várias civilizações, como os astecas, os maias, os incas, as civilizações do crescente fértil, na mesopotâmia e também filmes ou documentários que tratem da África.  Existem filmes que trazem uma gama de pesquisas sobre as formas culturais, sociais, políticas, econômicas, religiosas de várias sociedades, como por exemplo: Fenícios, Persas, Cartagineses, Egípcios, Gregos, Macedônicos, Romanos, Germanos. Podemos ter contatos com pesquisas que detalhem peculiaridades de diferentes cotidianos, tecnologias utilizadas nas construções de cidades, pontes, aquedutos ou mesmo para a guerra ou a agricultura. Podemos ainda utilizar filmes que explorem as relações interpessoais, as relações de dominação e liberdade, poder e leis, guerra e paz.
Como ponto de partida , iremos analisar um  documentário produzido pela Discovery Channel intitulado: “O Homem pré-histórico vivendo entre as feras, caçar ou ser caçado”, que remonta o aparecimento do hominídeo, ou melhor, Homo Eraster, a mais ou menos 2,5milhões de anos atrás. Voltados à caça, estariam no inicio do processo evolutivo.
Observações sobre a postura e dos ancestrais mais antigos, o tamanho do cérebro e a observação da mandíbula, são meios de investigação evolutiva, tomando formas diferentes ao longo do tempo.  As armas dos hominídeos quando começaram a serem feitas, eram simplesmente estacas de pedra lascada, o que acabou por se transformar com o tempo e necessidade. Há 1,7 milhões de anos, um novo descendente do Homo Ergaster surgiu com o nome de Homo Erectus. O surgimento do fogo foi um grande marco na história e o Homo Erectus já sabia dominá-lo. Esta espécie já dominava armas maiores, mas ainda de pedra. Sua postura era menos curvada, mas ainda se comunicava por gestos. O aparecimento do “Homem de Neanderthal” marca um novo período na História. Estas espécies moravam em cavernas em função do frio do período glacial, caçavam juntos, dividiam os trabalhos e vivendo as primeiras noções de comunidade como elo familiar. Até agora, estes homens eram considerados os mais espertos da nossa espécie. O Homem de Neanderthal possuía a noção de perda de uma vida, e também de funeral, pois eles enterravam seus mortos. As pinturas rupestres continuam a ser uma incógnita para os cientistas. Os desenhos encontrados nas cavernas de Chavet na França possuem inúmeras leituras, mas ainda não podem ser consideradas formas de escritas, e sim mecanismos de memórias ou de comunicação, que de fato determinam uma nova representatividade aos elementos da natureza e sua importância para os homens da época.
Da mesma forma, existem outros tantos nesta perspectiva,  para compreendemos que a utilização do cinema em sala de aula, é uma experiência, muito rica, pois trabalhar um filme como documento, é fazer uma profunda análise sobre seu conjunto, corelacionando com o contexto ambientado, o contexto produzido, as sutilezas subjetivas e concretas que são apresentadas, as ideologias de grupos e suas paixões,  o que retrata a literatura e o que retrata a História, especificamente.  Assim, utilizando o filme como documento é algo fundamental para o planejamento dos temas e contextos à serem estudados. Claro, lembrando que a utilização da imagem, estereotipa a realidade, como diz Duby (2), tendo em seu reducionismo uma construção de um imaginário sobre um contexto específico, um reflexo no espelho, que não é concreto e sim subjetivo, mas de grande importância.
                Assim, a composição técnica e analítica de filmes como documentos histórico, é uma proposta paradidática, que busca ser um referencial pedagógico sobre o uso do cinema ambientado historicamente em sala de aula, apresentando filmes e documentários selecionados, que relatem diferentes contextos históricos. Como marcos temporal, foram eleitos os períodos da Antiguidade, do Medievo, do Contemporâneo e do Brasil. Os filmes serão expostos sob um prisma histórico, sem uma relação de obrigação cronológica, mas como referencial temático para o educador.
                Essa simbiose da realidade com a arte do cinema é um campo de pesquisa riquíssimo, e há muito trabalho a ser feito, para que possamos compor um mural cinematográfico da História, que seja referência para a construção do conhecimento histórico em sala de aula. Esperamos contribuir com essa pesquisa, para a adaptação dos temas estudados aos recursos tecnológicos existentes, para difundir o conhecimento de uma maneira agradável e atual, e que além de auxiliar o professor, como um vasto campo de pesquisa, que desperte também o interesse, e por que não, a paixão pela História para alunos do ensino básico.





1 SILVA, Priscila Aquino / CINEMA E HISTÓRIA: o imaginário norte americano através de Hollywood
2 DUBY, Georges, História social e ideologia das sociedades, in História: Novos Problemas. Rio de Janeiro: Francisco Alves,1995.

Bibliografia:
FERRO, M. A história vigiada. São Paulo: Martins Fontes, 1989.
GRAMSCI, Antonio, Americanismo e Fordismo in Maquiavel, a Política e o Moderno
Estado, Civilização Brasileira.
PAMPLONA, Marco Antônio. Revendo o sonho Americano, 1890-1972. São Paulo,
Atual,1996.
ROCHA,Glauber. O século do cinema, Rio de Janeiro: Editorial Alhambra/
Embrafilmes, 1983.
FURHAMMAR, Leif e ISAKSSON, Folke. Cinema e Política. Rio de Janeiro: Paz e
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SÁ, Irene Tavares. Cinema em debate 100 filmes em carta. Rio de Janeiro: Livraria
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KAFAN, Norman, The War Films, Nova Iorque: Pyramid publication.
BERNARDET, Jean- Claude, O que é cinema, São Paulo: Editora brasiliense,1981.
HARVEY, David, Condição pós moderna, São Paulo: Edições Loyola,1992.
DIVINE, Robert A, América Passado e Presente, Rio de Janeiro: Editora Nórdica,
1992.
RAGO, Luzia M.,e MOREIRA, F P Eduardo, O que é Taylorismo, São Paulo, Editora
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JOLLY, Martine. “A análise da imagem: desafios e métodos”. In. Introdução à análise
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KEHL, Maria Rita. “Cinema e Imaginário.”In. XAVIER, Ismael. (org) O Cinema no
século. Rio de Janeiro, Imago. 1996.
KELTHER, Douglas. “Lendo imagens Criticamente: em direção a uma pedagogia pós
moderna”. In. Alienígena na sala de aula – uma introdução aos estudos culturais em
educação SILVA, Tomaz Tadeu. (org) Autêntica. Belo Horizonte. 1999.
BURKE, Peter. A Escola dos Annales 1929- 1989. A Revolução Francesa da
Historiografia. Editora Unesp,São Paulo. 1997.
SILVA, Priscila Aquino / CINEMA E HISTÓRIA: o imaginário norte americano através de Hollywood. Revista Cantareira – criada e mantida por alunos da área de História da UFF. 5ª edição, vol. 01, ano 02, Abr-Ago 2004. 



segunda-feira, 19 de janeiro de 2015

O mar é o nosso Túlulo


Título Original: Run Silent Run Deep
Ano: 1958 | P&B
País: Estados Unidos
Duração: 93 min
Direção: Robert Wise
Trailer: Assistir

Sinopse: Rich Richardson (Clark Gable) é um determinado e destemido oficial da Marinha com um único propósito em mente encontrar e destruir o destróier japonês que ele acredita ter afundado seu antigo navio. Quando recebe um novo comando, Richardson treina seus homens impiedosamente para a batalha que deseja enfrentar. Quando finalmente recebe informações sobre a posição do destróier, Richardson desobedece às ordens e enfrenta seu inimigo, sem se dar conta que um inimigo muito mais poderoso está à espreita... apenas esperando por ele. Co-estrelando Burt Lancaster como o oficial assistente de Gable, este suspense sobre a 2ª Guerra Mundial estabeleceu um novo padrão para os filmes sobre submarinos.

Elenco: Burt Lancaster, Clark Gable, Brad Dexter, Jack Warden, Rudy Bond, Mary LaRoche, Don Rickles, Nick Cravat, Joe Maross, Eddie Foy III.


TORRENT 1 | TORRENT 2 | LEGENDA
ThePirateBay | KickAss | OpenSubtitles
Links Atualizados 19/03/2014

segunda-feira, 12 de janeiro de 2015

Artigo análise Histórica do filme Tempos Modernos por Laércio Tadeu - UNIUBE.

Resumo:

Através de uma análise no filme Tempos Modernos, considerando seu carater de documento Histórico, estabelecemos a importância da relação do cinema com a história, analisando elementos do filme que dialogam com a realidade, como no caso será abordado a necessidade de Carlitos, o virutoso vagabundo, procurar seu sustento na esteira de uma fábrica, fruto do processo fordista de racionalização de produção, de uma conjuntura entre guerras, agravada pela quebra da bolsa em 29 e o crescimento da fome e da exclusão, antes da 2ª guerra mundial. 

UNIVERSIDADE DE UBERABA – UNIUBE
CURSO DE HISTÓRIA – POLO BHTE – Floresta
Laércio Tadeu Ferreira Silva – TURMA 11













Cine História: De vagabundo à operário.









Belo Horizonte, 12 de Janeiro de 2015.
UNIVERSIDADE DE UBERABA – UNIUBE
CURSO DE HISTÓRIA – POLO BHTE – Floresta
Laércio Tadeu Ferreira Silva – TURMA 11












Cine História: Carlitos, de vagabundo à operário.
Esta pesquisa busca compreender à expansão do fordismo como resposta à crise de 29 e seu impacto social, através da análise do filme Tempos Modernos
Trabalho de pesquisa apresentado ao PIAC\Uniube, endereçada ao Departamento de História, do Instituto de Ciências Humanas da Universidade de Uberaba.




Belo Horizonte, 12 de Janeiro de 2015.


SÚMÁRIO

INTRODUÇÃO                                                                                   3

METODOLOGIA                                                                              4

DESENVOLVIMENTO                                                                     5

CONCLUSÃO                                                                                     8

RESUMO                                                                              8

REFERÊNCIAS                                                                                    9











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INTRODUÇÃO
                O presente trabalho se propõe a ressaltar e defender o uso do cinema como documento histórico, tornando-se fonte de pesquisa e ensino de História. Buscando uma referêncial teórica, amparo-me nos estudos propostos no movimento dos Annales, principalmente pelos idos dos anos 70. Antes dos Annales, a visão sobre o cinema era reducionista, pois entendia que o filme era uma trivial forma de entretenimento. Claro que essa visão, há muito caiu por terra, pois o historiador é convidado a ampliar seu olhar, num processo em que ele é instigado a caçar informações para seu objeto de pesquisa, através de diversos meios de produção humana em dada época.

                Em meio a esse leque de possibilidades de buscar fontes históricas, cria-se a relação entre História e cinema. Essa relação tratará o filme como documento, podendo este documento estabelecer paralelos que nos elucidem sob uma dada sociedade em determinado tempo. Assim propomos como modelo de pesquisa uma determinada obra de arte do cinema, com uma análise histórica. Assim, a presente abordagem permitirá uma compreensão da valiosa obra Tempos Modernos de Charles Chaplin, produzida no contexto que cerca o ano de 1936, entre guerras, onde se caracteriza pela crítica à linha de produção Fordista, como a transformação norte-americana após o crash da bolsa de 29, levou o poético vagabundo a esteira.













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METODOLOGIA
A relação entre Cinema e História é enriquecedora para o ensino. Esse universo permite ao aluno a realização de várias pesquisas, com temas diversificados, e essa proposta deve ser estimulada pelo educador de História, como recurso didático de seu planejamento. Para mostrar como essa relação estimula a pesquisa, proponho uma análise histórica sobre o filme Tempos Modernos, de Charles Chaplin, como uma crítica social, que leva para a esteira fordista o poético vagabundo, buscando sobreviver aos tempos de crise, de crash da bolsa, de desemprego e de fome, caracterizando bem o tempo de sua produção, o ano de 1936, como o período de consolidação do capitalismo e sua relação de exploração da classe operária.
Para inicio da análise fez-se necessário a utilização do recurso audiovisual para a compreensão da ideologia do filme. Após degustá-lo, buscarei embasamento teórico amparado em uma bibliografia composta por diversos gêneros que abordem a História, o Cinema e a conjuntura do período entre guerras. Nessa análise buscarei elementos que elucidem o que foi o Fordismo nos anos trinta, e sua importância no desenvolvimento do capitalismo norte-americano.
Por fim, procuro estimular e incentivar professores e alunos a trabalharem com filmes como documentos históricos, determinando acertos e erros de nossa leitura sobre a obra escolhida, e também, elegendo outras obras à análise, pois essa pesquisa não se considera conclusiva, pois entende que é apenas uma contribuição para a pesquisa histórica no universo da sétima arte, seara farta para os interessados. O projeto só se completa ao afirmar o cinema é fundamental como fonte para o ensino e pesquisa de História, sendo trabalhado sob uma ótica crítica capaz de entender seu meio de produção. Utilização de conceito de indústria, à partir de Souza (2005):
No dia a dia da economia industrial, a palavra indústria está caracterizada por diversos significados, desde uma empresa de pequeno porte, até uma fábrica de qualquer tamanho de um parque industrial,  que trabalhe com atividade de transformação que usem maquinarias que tenha como objetivo criar um terceiro produto, [ ...] O conceito real de indústria passa pel tipo de mercado, como por exemplo, a competição perfeita que contempla um grande número de vendedores/produtores, com produto homogêneo, livre entrada e saída, e conhecimento pleno de tudo sobre a mercadoria, isto significa dizer, preço, qualidade, distância, moda,etc.
Também se faz necessário a utilização do conceito de cinema que se dá a partir do dicionário de Kinghost (2006):
s.m. (forma reduzida de cinematógrafo)/ Arte de compor e realizar filmes para serem projetados. / Sala de espetáculos onde se veem projeções cinematográficas. / P.ext. A Própria projeção cinematográfica. – O cinema foi criado pelos irmãos Lumière em 1895; tornou-se sonoro em 1927, depois falado. Após múltiplas tentativas, beneficiou-se com a cor.
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DESENVOLVIMENTO

                Há algum tempo, especificamente em 1929, Marc Bloch e Lucien Febvre, fundadores dos Annales, impeliram os historiadores a saírem de seus gabinetes para “farejar a carne humana”, em qualquer lugar onde pudesse ser encontrada, através de quaisquer meios. A metáfora acima serve para representar a inovação trazida pelo movimento dos Annales, incorporando como objetos e sujeitos do historiador não apenas os grandes fatos e personagens políticos, mas também os costumes e as mentalidades de cada período.
À partir de então, tanto a noção de documento quanto a de texto ampliaram-se. Os diversos vestígios do passado tornam-se matérias para o historiador. Por conseguinte, novos textos (os documentos oficiais perdem seu exclusivismo), tais como a pintura, a fotografia e o cinema foram incluídos no repertório de fontes de pesquisas, tendo suas obras valores como documento histórico.
É nesse contexto de assimilação de novos objetos e de novos métodos, que destacamos a figura der Marc Ferro, pioneiro na incorporação do cinema como fonte para a compreensão das mentalidades dos sujeitos da História. Segundo Ferro, é preciso “analisar no filme, tanto a narrativa quanto o cenário, a escritura, as relações do filme com aquilo que não é filme: o autor, a produção, o público, a crítica, o regime de governo. Só assim se pode chegar a compreensão não apenas da obra, mas também da realidade que ela representa”.  (pg 87, 1992).
Enfocando, portanto, o cinema, e , dentro do latíssimo âmbito cinematográfico, o filme “Tempos Modernos” (1936), de Charles Chaplin, tentaremos estabelecer as conexões dessa relação entre Cinema e História, quais podem ser percebidas em paralelo com as sociedades norte-americanas antes e depois da crise de 29, que excluíam o personagem de Chaplin, quando fazia o Vagabundo ele é socialmente incorporado como operário, porém continua numa situação de exploração e de privações.
O modelo fordista , é utilizado para caracterizar os sistemas de produção e gestão inaugurados por Henry Ford, em sua fábrica, a Ford Motor Co., em 1913. O processo de produção fordista é fundamentado na linha de montagem acoplada à esteira rolante, que evita o deslocamento dos trabalhadores e mantém um fluxo contínuo e progressivo das peças e partes, permitindo a reprodução dos tempos mortos. É, portanto, uma forma de racionalização da produção, característica capitalista, tendo como base inovações técnicas e organizacionais que se articulam objetivando produção e consumo em demasia.
Segundo René Rémond, “O automóvel foi, sem dúvida, o ícone mais expressivo dessa era de tecnologia e facilidades. Para saciar a sede de milhões de consumidores, as linhas de montagem da Ford triplicaram a frota de automóveis na década de vinte.” (p.16, 1996)

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A economia americana adquiriu uma configuração espacial nesses anos pós-primeira guerra mundial e, de certa forma, modelou todo o desenvolvimento posterior das chamadas sociedades capitalistas, devido o aumento dos salários reais resultante dos ganhos de produtividade ou deliberadamente elevados pelos empresários para dinamizar o mercadodo, como assim fez Henry Ford.
O filme Tempos Modernos expressa uma das maiores críticas da História do cinema, tendo como tema central a sociedade industrial capitalista, com foco na reprimida classe trabalhadora.
O fordismo de Tempos Modernos é apresentado como inovação técnica e organizacional da produção e do processo de trabalho, baseando-se no trabalho fragmentado e simplificado, com ciclos operacionais curtos, requisitando pouco tempo para formação e treinamento dos trabalhadores. O grande Carlitos, (Clássico personagem de Chaplin) atua em cenas realizadas supostamente em uma fábrica. A fábrica representa a nova lógica social, a produção em série logo inauguraria a sociedade de consumo, das massas. O tempo é orquestrado pelas maquinas, pelo ritmo das esteiras e das engrenagens. Chaplin impõe duras críticas as atividades fabris, repetitivas e monótonas, que, como consequência, faz com que o trabalhador tenha uma qualificação especializada, processada, onde se aliena e perde a idéia de todo, até que, finalmente, é absorvido pela máquina/sistema.
O trabalho abstrato, sem conteúdo, é o objeto de repúdio do personagem Carlitos, que se insurge, de forma inconsciente, através de um surto (fatalmente ocasionado pela opressão vivida no labor diário), contra a modernidade capitalista. Se, primeiro, a transgressão aparece como surto nervoso, no decorrer do filme ela vem à tona nas atitudes desastradas que provocam risos. É através de sua comicidade trágica, que Chaplin demonstra sua resistência contra a lógica opressora do Capital.
Após o crack da Bolsa de Nova York, em 1929, o mundo jamais seria o mesmo, não restando alternativa para os americano a não ser compreender uma nova redefinição de rumos sobre o capitalismo liberal. Essa nova direção marcou a fase intervencionista do estado, que aproveitou o exercito de famintos advindos da crise como mão de obra de seu polo industrial.
De acordo com Rémond, (1996), “Em meio ao caos que levou de roldão todas as ilusões e esperanças de uma prosperidade infinita, a indústria cinematográfica continuava a prosperar, exatamente por se tratar de uma das raras atividades que poderia nutrir-se da própria crise econômica”. Adaptando-se aos novos tempos, suas mensagens mudaram de tom. Em tempos difíceis era oportuno reavivar valores consagrados como temperança, equilíbrio, bom senso, espírito democrático. Chaplin assim o fez com Tempos Modernos. A realização do filme, dialoga com a História, sendo valioso para a compreensão do período conhecido como “A grande depressão”.


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Como desfecho, torna-se importante mais uma vez frisar, retomando a idéia de Marc Ferro, em similitude com a concepção de Cristiane nova, que o cinema é um testemunho da sociedade que o produziu e, portanto, uma fonte documental para a ciência histórica por excelência. Nenhuma produção cinematográfica está livre dos condicionamentos sociais de sua época.























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Conclusão
No filme Tempos Modernos, Chaplin faz uma crítica as transformações sociais e culturais advindas da segunda revolução industrial e o modo de produção fabril nas primeiras décadas do séc. XX, apresentando as falhas de um novo sistema capitalista, baseado na lógica de produção fordista, apresenta falhas graves, pois entendem que o operário é a engrenagem humana do sistema, e que caso dê defeito, será descartado e trocado, em vista que a produção é de massa, mas nem todos conseguem consumir, lógica do compromisso fordista, como diria David Harvey, com os países capitalistas.
Tempos Modernos herda a tradição crítica da modernidade fordista-taylorista, de A Nous La Lierté, de René Clair, de 1931. Na década de 1930, década da Grande depressão e das inovações técnicas profundas na produção e no processo do trabalho, o avanço do fordismo, objeto de crítica de Clair de Chaplin, representava o avanço de uma modernidade caótica, que teve seu papel nas contradições sociais, da luta de classes e da geopolítica imperialista, o que veríamos traduzida na II guerra mundial. Chaplin traduziu em seus filmes a critica da racionalização capitalista, do qual o homem é moldado pela produção fabril, em que a inserção da linha de montagem representa o espaço da perda, da individualização, da automação.
Por fim, Carlitos tenta no final do filme, trabalhando como garçom, mais uma vez se integrar à sua sociedade, mas ele diferente da órfã, não se adapta aquela vida moderna. Coincidentemente, ou não, este seria o último filme que Chaplin utilizaria o seu personagem clássico, Carlitos, o que reforça que na modernidade cada vez menos há lugar para a poesia do virtuoso Vagabundo.

RESUMO
Tempos Modernos, é um exemplo claro de como o cinema é objeto de reflexões e críticas sociais, das quais, de formar objetiva ou subjetiva, fornece os elementos historiográficos que disponibilizam o contexto para análise da intencionalidade da obra, em que as metáforas sociais são simbolizadas na ficção como elementos provindos da realidade.
Não só em Tempos Modernos, mas no cinema como um todo, pode-se definir uma relação com a História, pois todo filme traz em si, uma mensagem, inserida em um determinado contexto, com uma intencionalidade, o que demanda produção material, das quais são produzidas sob as influências de um determinado tempo e de um determinado espaço.




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Referências:
Aarão Reis, Daniel. O Século XX – Vol. II, O tempo ds Crises, Revoluções, Fascismos e Guerras. Civilização Brasileira, Rio de Janeiro, RJ, 2003.
CARDOSO, Ciro Flamarion; VAINFAS, Ronaldo (orgs). Domínios da História: ensaios de teoria e metodologia. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
COLEÇÃO SABER. O saber não ocupa lugar. História do cinema por ló Duca. Lisboa, Europa América, 1949.
ECO, Humberto. Como se faz uma tese. São Paulo: Perspectiva, 1988.
FERRO, Marc. Cinema e História. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1992.
HOBBSBAWN, Eric. Era dos Extremos, O Breve Século XX – 1914-1991. Tradução Santa Rita -0 Revisão Técnica – Maria Célia Fole. Impressão – Companhia das Letras, 2001.
HTTP://www.kinghost.com.br/dicionario/cinema.html; Copyright c 2006-2007 KingHost Hospedagem de Sites Ltda – Porto Alegre
MAIA, Adionel Motta. A era Ford: Filosofia, Ciência Técnica. Salvador: Casa da Qualidade, 2002.
NERÉ, JACQUES. História Contemporânea: 2ª edição Tradução de Octavio Mendes Cajado. São Paulo, SP. Editora S.A, 1981;
PAIVA, Salujano. Aspectos do Cinema Americano. Editora Páginas, Caixa Postal RJ.1984.
RÉMOND, René. O Século XX de 1914 aos nossos dias. Tradução de Octavio Mendes Cajado. São Paulo, SP. Editora Cultrix, 1996.
REVISTA. Instituto de Pesquisas e Estudos. Construindo o Serviço Social. Edição 12 julho a dezembro. ISSN: 676-3637, 2003.
SABAL, Georges. História do Cinema mundial, I Volume. Tradução de Soni Salles Gomes, Editora Edificio Mario de Andrade, São Paulo, SP, 1982.
SOUZA, Ângela. Sobre o Americanismo e o Fordismo. IFCH/UNICAMP, Impressão na Gráfica do IFCH, fevereiro de 1992.
SOUZA, Luiz Gonzaga de . Economia Industrial. Eumed.net, 2005. Disponivel em: HTTP://www.eumed.net/libros/2005/lgs-ei/. Acesso em 19 nov. 2007.
TEMPOS MODERNOS. [New York]: [s.n], 1936. 100 min. P&B (Os grandes filmes de Chaplin).
NOVA, Cristine. O Cinema e o Conhecimento de História; extraído do site da UFBA – oficina Cinema-História: HTTP://www2.ufba.com.br
  

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

A Guerra do Fogo


 Título Original: La guerre du feu
  Gênero: Aventura | Drama
  Ano de Lançamento: 1981
  Duração: 100 min
  País de Produção: Canadá, França, EUA
  Diretor(a): Jean-Jacques Annaud



Sinopse:
O filme se passa nos tempos pré-históricos, em torno da descoberta do fogo. A tribo Ulam vive em torno de uma fonte natural de fogo. Quando este fogo se extingue, três membros saem em busca de uma nova chama. Depois de vários dias andando e enfrentando animais pré-históricos, eles encontram a tribo Ivakas, que descobriu como fazer fogo. Para que o segredo seja revelado, eles seqüestram uma mulher Ivaka. A crueldade e o rude conhecimento de ambas as tribos vão sendo revelados. 
O filme foi elogiado por criar ambiente e personagens convincentes, por meio da maquiagem (premiada com Oscar) e da linguagem primitiva, uma linguagem especial que foi criada para o filme que conta uma história de período anterior ao uso da língua de maneira universal, tendo na linguagem corporal um forte apelo, juntamente com outros elementos que renderam a produção dez prêmios, sendo um deles o Oscar, além de sete outras indicações nos anos de 1982 e 1983

Elenco:
Everett McGill ... Naoh
Ron Perlman ... Amoukar
Nicholas Kadi ... Gaw (como Nameer El-Kadi)
Rae Dawn Chong ... Ika
Gary Schwartz ... Rouka - The Ulam Tribe
Naseer El-Kadi ... Nam - The Ulam Tribe
Franck-Olivier Bonnet ... Aghoo - The Ulam Tribe
Jean-Michel Kindt ... Lakar - The Ulam Tribe
Kurt Schiegl ... Faum - The Ulam Tribe
Brian Gill ... Modoc - The Ulam Tribe
Terry Fitt ... Hourk - The Ulam Tribe
Bibi Caspari ... Gammla - The Ulam Tribe
Peter Elliott ... Mikr - The Ulam Tribe
Michelle Leduc ... Matr - The Ulam Tribe
Robert Lavoie ... Tsor - The Ulam Tribe




domingo, 3 de julho de 2011

Mahabharata - Uma obra prima do cinema - extraido do Bhagavad Gītā


 Título Original: The Mahabharata
  Gênero: Épico | Drama | Fantasia
  Ano de Lançamento: 1989
  Duração: 325 min
  País de Produção: EUA, Reino Unido, França
  Diretor(a): Peter Brook


Sinopse:O Mahabharata" narra a guerra entre Pandavas e Kauravas - duas famílias com laços de parentesco muito próximos - pela posse de um reino no norte da Índia. Os momentos que antecedem o confronto final, conhecido como Batalha de Kurukshetra, compõem o trecho mais famoso do poema conhecido como Baghavad Gita ("Canção do Divino Mestre"). É quando o príncipe Arjuna, em crise de consciência por estar combatendo amigos e familiares, cogita desistir da luta e entra em diálogo com o deus Krishna, que o convence de que aquela guerra faz parte do destino do seu povo e não pode ser evitada. É o principal épico religioso da civilização indiana e também o maior poema de todos os tempos, com cerca de 200 mil versos. Em sânscrito, bharatas quer dizer "saqueadores", termo que deu nome às tribos arianas que teriam ocupado a Índia em torno de 1.700 a.C. Nesse "grande poema do mundo", revelam-se as origens de crenças, lendas e personagens mitológicos da cultura oriental.

Elenco:
Erika Alexander ... Madri / Hidimbi
Maurice Bénichou ... Kitchaka
Amba Bihler ... Virata's daughter
Lou Bihler ... Young Karna
Urs Bihler ... Dushassana
Ryszard Cieslak ... Dhritharashtra
Georges Corraface ... Duryodhana
Jean-Paul Denizon ... Nakula
Mamadou Dioumé ... Bhima
Miriam Goldschmidt ... Kunti
Hapsari Hardjito ... Abhimanyu's wife
Nolan Hemmings ... Abhimanyu
Tamanho: 4,7 Gb


sábado, 2 de julho de 2011

Aleida Guevara em Belo Horizonte

Aleida Guevara fala sobre consciência social... independente de ideologia ou partidarismo, trata-se de uma pessoa com um posicionamento bem claro e interessante sobre o processo social cubano, tratando da participação popular nos projetos governamentais, traçando um paralelo entre o sistema de saúde e educação cubano, com outros modelos inclusive o brasileiro.



sexta-feira, 1 de julho de 2011

Medea / Paolo Pasolini


Título Original: Medea
  Gênero: Drama
  Ano de Lançamento: 1969
  Duração: 110 min
  País de Produção: Itália, França, Alemanha
  Diretor(a): Pier Paolo Pasolini


Sinopse:
Em seu único papel no cinema, a diva Maria Callas vive a feiticeira Medéia, que mata o próprio irmão para fugir com o amado, Jasão, que roubara o velocino de ouro. Anos mais tarde, Jasão a abandona, para se casar com a jovem e bela flha do Rei Creone. Indignada, Medéia planeja uma terrível vingança contra Jasão. Com belíssima fotografia de Ennio Guarnieri, Medéia é uma brilhante versão da tragédia grega de Eurípedes. Sem dúvida, um dos mlehores trabalhos do polêmico Pier Paolo Pasolini, o diretor de O Evangelho Segundo São Mateus, Teorema entre outros filmes memoráveis.

Elenco:
Maria Callas ... Medea
Massimo Girotti ... King Kresus / Creonte
Laurent Terzieff ... Centaur
Giuseppe Gentile ... Jason
Margareth Clémenti ... Glauce
Paul Jabara ... Pelias
Gerard Weiss ... Second centaur
Sergio Tramonti ... Apsirto, Medea's brother
Luigi Barbini ... Argonaut