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terça-feira, 17 de maio de 2011

Entrelinhas - Poesia dos Inconfidentes

Tomás Antonio de Gonzaga
Lira XXIII


Não praguejes, Marília, não praguejes
a justiceira mão que lança os ferros;
não traz debalde a vingadora espada;
deve punir os erros.

Virtudes de Juiz, virtudes de homem
as mãos se deram e em seu peito moram.
Manda prender ao Réu, austera a boca,
porém seus olhos choram.

Se à inocência denigre a vil calúnia,
que culpa aquele tem, que aplica a pena?
Não é o Julgador, é o processo
e a lei, quem nos condena.

Só no Averno os Juízes não recebem
acusação nem prova de outro humano;
aqui todos confessam suas culpas,
não pode haver engano.

(...)


Publicado no livro Marília de Dirceu: Segunda Parte (1799).

In: GONZAGA, Tomás Antônio. Obras completas. Ed. crít. M. Rodrigues Lapa. São Paulo: Ed. Nacional, 1942. (Livros do Brasil, 5)


Maria Ifigênia (Alvarenga Peixoto)



Amada filha, é já chegado o dia, 
Em que a luz da razão, qual tocha acesa,
 
Vem conduzir a simples natureza:
 
- É hoje que teu mundo principia.

A mão que te gerou, teus passos guia;
Despreza ofertas de uma vã beleza,
 
E sacrifica as honras e a riqueza
 
Às santas leis do Filho 
de Maria.

Estampa na tu' alma a Caridade,
Que amar
 a Deus, amar aos semelhantes,
São eternos preceitos de verdade;

Tudo o mais são idéias delirantes;
Procura ser feliz na Eternidade,
 
Que o mundo são brevíssimos instantes.


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