A volta de D. João à Portugal ocorreu em 1821, como consequência direta da Revolução do Porto de 1820 e da convocação das Cortes, que idealizavam o retorno da família real e da Corte portuguesa, esta última entendida como o conjunto de órgãos públicos responsáveis pela administração do Estado. Aquietados os ânimos com a expulsão dos franceses de Portugal e seus sucessivos reveses militares, iniciaram-se os pedidos pela volta da família real e de toda a Corte para a Europa.
A situação em que ficara a antiga metrópole e o sentimento de orfandade dos súditos pela ausência do monarca e pela situação de dependência em relação a decisões tomadas no Brasil eram extremamente perigosos e exigiam providências. Isso não passava despercebido pelos ingleses, como registrava D. Rodrigo de Sousa Coutinho, e estes não se furtavam a oferecer conselhos.
O agravamento da situação de descontentamento era também percebido por colaboradores mais próximos a D. João, como é o caso de Tomas Antonio de Vila-Nova Portugal, que pouco antes do movimento revolucionário do Porto escreveu ao rei sugerindo ações face ao descontentamento crescente em Portugal.
O estouro da Revolução de 1820 colocava na ordem do dia esse retorno. Logo chegam ao Rio de Janeiro notícias dos eventos e seus desdobramentos. Por mais que algumas dessas novas afirmassem que a tropa, o clero e as autoridades do Porto haviam jurado apoio a D. João, o clima nos palácios cariocas era de inquietação e, diante dos reclamos pela instauração das Cortes, lembrava-se a tradição de que só o rei podia convocá-las.
Entretanto, a repercussão das notícias foi diferente entre outras plateias do Brasil, e se o movimento revolucionário foi visto por alguns como a regeneração da nação portuguesa, havia quem discutisse se de fato o monarca devia ou não retornar.
Nota-se claramente uma preocupação no sentido de que a volta da família real, imposta pelas Cortes portuguesas, fosse feita de maneira diferente da apressada vinda para o Brasil. Nesse sentido, houve toda uma preparação por parte dos auxiliares de D. João para que seu retorno não fosse marcado pela submissão às circunstâncias bem como da parte das Cortes também houve cuidados nesse sentido.
A solenidade da chegada é retratada na iconografia e o retorno do rei é visto como um novo vigor à nação, como fica evidente no título da obra impressa em Lisboa em 1821: "Portugal convalescido pelo prazer que presentemente disfruta na desejada, e feliz vinda do seu amabilíssimo monarcha o Sr. D. João VI. e da sua augusta família".
Há também uma intensa troca de correspondência entre D. João e D. Pedro, ao mesmo tempo, pai / filho e soberano / súdito, em que notícias familiares, como o nascimento de uma neta, são seguidas por reflexões sobre os acontecimentos políticos de um lado e outro do Atlântico e conselhos sobre a maneira de proceder do regente no Brasil.
É interessante também observar que tal correspondência perde o caráter privado e assume uma relevância pública, de interesse dos cidadãos, como comprovam as diversas edições que delas são feitas.
A ligação entre pai e filho, que foram mais tarde reis de nações diversas, é marcada até pela confusão entre seus retratos, como exemplificado por um em que D. Pedro é representado com as feições características de seu pai.
Existem ainda discussões a respeito da relação entre Portugal e Brasil na nova fase constitucional da monarquia luso-brasileira, que se arrastavam antes e prosseguiriam depois da independência, e os esforços do monarca em conciliar os ânimos.
Por fim, a morte de D. João, em 1826, encerra o período retratado nesta exposição virtual. Seus diferentes retratos são aqui exibidos, proporcionando um panorama das diversas representações artísticas do soberano ao longo do tempo.
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